Comparar caso EJ com o do caseiro Francenildo é escárnio


O desespero tomou conta da oposição com os últimos resultados das pesquisas eleitorais para o Palácio do Planalto, em que a candidata Dilma Rousseff vence em primeiro turno. DEM e PSDB declararam que "o Brasil amanheceu hoje o país dos Francenildos, em que todos têm seus sigilos fiscais violados". Francenildo(foto ao lado de Palocci), que teve sua conta corrente na Caixa Econômica Federal exposta publicamente, era um simples caseiro, testemunha de mentiras do ex-ministro Antonio Palocci. Nem renda possuía para declarar à Receita Federal.

Lá vão décadas que determinados jornalistas têm acesso a declarações de Imposto de Renda de vários agentes envolvidos em suspeitas de falcatruas, desde chefes de milícias do Rio a autoridades de alto escalão. Servidores públicos, bancos, empresas etc. também já têm acesso atualmente, pelos diversificados meios, aos dados pessoais - renda, dívidas, bens - de quem quer que seja. Minha declaração de IR circula em várias áreas, até em imobiliária em que fui fiadora de amigo. O sigilo fiscal no Brasil só tem, infelizmente, servido para proteger bandido.
Da mesma forma que ocorre com parlamentares, qualquer outro agente público e demais cidadãos que estejam ligado à administração pública deveriam ter suas declarações de Imposto de Renda e de bens públicas. Tesoureiro de campanha eleitoral é um deles.
Quando a imprensa divulgou dados de declarações de IR de vários assessores do ex-ministro Antonio Palocci e de autoridades petistas em 2005, durante o escândalo do mensalão, ninguém do PSDB chiou. Dados fiscais da líder petista no Senado, Idelli Salvatti, com movimentações financeiras atípicas, também vieram a público pela imprensa, e nem um pio do PSDB ou do DEM.
Investigação rasa
Para recordar, Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário da Presidência do governo FHC e atual vice-presidente do PSDB, a "vítima" da mais recente badalada quebra de sigilo fiscal, nunca foi devidamente investigado como tantos outros da República, com quebra de sigilo bancário e interceptação telefônica autorizada pela Justiça, a exemplo do que ocorreu até com ministros do STJ e outros magistrados. Polícia Federal na época do FHC era quase invisível. Só corria atrás de traficante de drogas.
A outra "vítima", Ricardo Sérgio de Oliveira, diretor do Banco do Brasil na era FHC, está impune até hoje, apesar dos inúmeros indícios de falcatruas com dinheiro público. O empresário espanhol Gregorio Marin Preciado, padrinho de José Serra, que participou de privatizações de empresas de energia elétrica, teve uma dívida astronômica com o Banco do Brasil reduzida para uma mixaria na época de Ricardo Sérgio. E por aí vai.
Declaração de IR só serve, na prática, para início de investigação, porque pode ser maquiada por bom contador. O governador cassado do Distrito Federal José Roberto Arruda é a prova disso. Flagrado pilhando dinheiro público, recebeu restituição de IR no ano passado antes de muitos contribuintes honestos. A Receita Federal do governo Lula não viu digital dos seus golpes com dinheiro público em sua declaração.
Por:Daniel Filho de Jesus

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