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CAÇULA BENEVIDES É CAPA DO CADERNO DE DOMINGO DO JORNAL DE FATO |
Caraúbas/Oeste - A sinceridade e a simplicidade estão no olhar, no falar devagar e na conversa. Antes de se apresentar para um público apreciador de Luiz Gonzaga no Teatro Municipal Dix-huit Rosado, o sanfoneiro Manoel Martins Benevides, "Caçula Benevides", relembrou histórias, tirou sua sanfona da caixa e tocou um repertório que lhe é familiar há muitos anos: o autêntico forró pé-de-serra.
Para quem gosta do estilo, é difícil nunca ter ouvido falar em Caçula, pois ele já tocou em todo lugar do Rio Grande do Norte e também nos Estados mais próximos, como Ceará e Paraíba.
Ao longo de uma trajetória de 50 anos de muitas apresentações, teve muitas alegrias, como as vezes que se encontrou pessoalmente com Luiz Gonzaga e o acompanhou nas apresentações na sua cidade, Caraúbas, e em Mossoró. Também se recorda das vezes que tocou com Dominguinhos, a quem diz que é um artista sem igual em simplicidade.
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Ao todo, são seis CDs e um DVD gravados em parceria com outros amigos sanfoneiros, como Nilson Viana, ou com banda montada por ele - a Melão de Cheiro -, que o tornaram ainda mais conhecido. Em grande desses CDs o produtor foi o sanfoneiro Dorgival Dantas, que Caçula conta ter conhecido ainda criança, quando tocava com seu pai Ciço Dantas. "Ele acompanhava o pai e pegava no sono enquanto a gente trabalhava, e o vi crescendo e se interessando por sanfona. Hoje ele é um grande nome, um grande talento e orgulho", relata.
Até que, com o tempo, recebeu o primeiro pagamento por tocar numa valsa: um cruzeiro. "Eu, menino, nunca tinha pego em tanto dinheiro e dei uma parte para a minha mãe, já ajudei em casa e fiquei feliz, decidido que queria tocar sanfona. Fiquei apaixonado pela sanfona e pelo dinheiro. Aí, aos poucos, fui aperfeiçoando, mas aprendi sozinho, ouvindo as músicas no pé do rádio", ressalta Caçula.
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Os primeiros anos de profissão, Caçula fez sua fama na propaganda boca a boca. Naquela época, as emissoras de rádio se concentravam mais em Mossoró e, para se deslocar até a capital do Oeste, exigia-se uma longa viagem de trem. Foi de festa em festa, de valsa em valsa, de casamentos a batizados que Caçula Benevides foi fazendo o seu nome na cidade, depois em outras cidades. Seu repertório é composto de xotes, xaxados e baiões, além de apresentar músicas de sua autoria.
"Meu estilo era forró e sempre foi forró. Já tivemos altos e baixos, já tive banda também, mas gosto do forró tradicional e é o que faço hoje", explica.
O pesquisador Kidelmir Dantas, que dividiu com Caçula o sucesso do Seminário de Cultura Popular na última quinta-feira, 16, no Teatro Dix-huit Rosado, disse sobre o sanfoneiro:"Caçula é um dos melhores seguidores do Rei do Baião na região Oeste potiguar. Conheci-o tocando numa festa em Severiano Melo, nos idos de 1988, e nunca mais o perdi de vista. Caçula é daqueles que faz porque gosta e tem o dom.
Sanfoneiro e compositor de músicas ligadas ao Nordeste e sua terra, Caraúbas. O dr. Marcos Lopes, do Forró da Lua, lá na Lagoa do Bonfim, sempre tem procurado incentivar os artistas potiguares que têm seus trabalhos ligados à tradição do que hoje chamam de 'forró pé-de-serra'. Pois bem, o Forró da Lua levou Caçula, que fez a 'janela' para Dominguinhos no ano passado. Não só um reconhecimento, mas uma maneira de agradecer pelo que esse sanfoneiro de Caraúbas vem fazendo, há 50 anos, defendendo a música popular nordestina."
No final da apresentação de Caçula Benevides, depois de ouvir sua história, é fácil entender por que ele é considerado um dos mais célebres caraubenses e, reconhecidamente, um dos maiores sanfoneiros do Brasil.
Jornalista Chico Costa
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