Muito em breve, a região oeste do Rio Grande do Norte poderá se tornar também produtora de uvas. A previsão tem como fundamento pesquisas realizadas pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido. No segundo ano de vigência, o projeto de pesquisa Produção de uva de mesa com baixo impacto ambiental no Vale do Mossoró/Açú realiza a primeira colheita. O experimento está montando na Fazenda Rafael Fernandes, pertencente à Universidade, sendo financiado pela Capes.
A pesquisa avalia as variedades Itália Melhorada, Isabel Precoce e Niagra Rosada combinadas com três portas-enxerto (IAC 313, IAC 766 e IAC 572), totalizando nove combinações. Os portas-enxerto foram desenvolvidos pelo Instituto Agronômico de Campinas. A pesquisa tem a coordenação do professor Dr. Celso Valdervino Pommer e objetiva conhecer o comportamento das videiras nas condições climáticas do semiárido potiguar. Outro diferencial é a forma de produção com baixo impacto ambiental, ou seja, com menor uso de defensivos.
Apesar de estar em andamento, à produção obtida deixa os pesquisadores animados. “Vamos iniciar a avaliação dos resultados das combinações para saber qual a melhor delas se adequa à região”, adianta o Dr. Django Jesus Dantas, técnico responsável pelo projeto que é pioneiro no Rio Grande do Norte. A uva tipo Isabel Precoce tem grande aceitação para mesa, vinho e sucos. Já a Itália Melhorada para mesa e, a Niagra Rosada tem boa aceitação na mesa e para a produção de vinho. A pesquisa é o trabalho de Pós-Doutorado do agrônomo Django Dantas que é Mestre e Doutor em Fruticultura.
O experimento ocupa uma área de 2.500 m², totalizando 360 plantas irrigadas por micro aspersão. “Observamos que o desenvolvimento ocorreu semelhante às videiras cultivadas no Vale São Francisco”, ressalta o pesquisador. As mudas, estacas e garfos vieram de Juazeiro, na Bahia, e foram produzidas aqui na região. Além dos dois doutores em fruticultura, o experimento envolve três estudantes de graduação em Agronomia e um de Mestrado.
ANÁLISE – A segunda etapa da pesquisa vai acontecer com a pós-colheita prevista para os próximos dias onde serão avaliadas a produtividade, a qualidade do fruto (peso e tamanho do cacho) e o teor de açúcar (Brix). “Nessa etapa vamos obter o ciclo produtivo das três cultivares e comparar com as das uvas produzidas em outras regiões do país”, afirma, acrescentando que a uva é uma fruta de grande produtividade.
O pesquisador ressalta que o clima do semiárido potiguar não é problema para a cultura da uva. “A escassez de chuva e temperatura média constante, em torno de 32º graus, são condições favoráveis ao cultivo”, diz. Ele adianta que tais condições possibilitam duas colheitas anuais, o que não ocorre em regiões de clima frio que possibilita apenas uma colheita. Outra vantagem apontada por Django Dantas é a vida produtiva do parreiral que pode alcançar até 25 anos.
Além da importância para a fruticultura do Rio Grande do Norte, a pesquisa desenvolvida na Universidade Federal Rural do Semi-Árido vem contribuir para a produção científica com dissertações de mestrado, teses de doutorado, monografias, artigos científicos e dia de campo. “É uma oportunidade de mostrar para os pequenos produtores que é possível tirar uma boa renda com a produção de uva”, alerta.
Django acredita ainda que a pesquisa com uva irá contribuir para uma mudança na cultura dos produtores da região. “A uva tem excelente produtividade podendo chegar a 30 toneladas por safra com apenas um hectares plantado”, afirma. O investimento inicial adianta o pesquisador fica em torno de R$ 40 mil. “Na segunda colheita o produtor já tira o investimento”, assegura.
Da Assessoria da UFERSA
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