Foi preso no Recife, na manhã deste sábado (3), o casal de donos da empresa de publicidade digital Priples. Segundo a Polícia Civil, Henrique Maciel Carmo de Lima, de 26 anos, e a companheira dele, Mirele Pacheco de Freitas, de 22 anos, são suspeitos de praticar crimes contra a economia popular e contra a ordem econômica e relações de consumo.
Ele é estudante de Ciências da Computação e ela, enfermeira, e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, suspeitos de acumular fortuna em apenas quatro meses, por meio da empresa que criaram e já tinha 203 mil pessoas atraídas pela promessa de ganhar dinheiro fácil. “Eles se diziam uma empresa de publicidade digital, mas atuavam no mercado financeiro, no esquema da pirâmide financeira, prometendo uma rentabilidade de 2% em cima do valor inicial investido pelo cliente, que podia ser de R$ 100 a R$ 10 mil por CPF”, disse o delegado Carlos Couto, responsável pelo caso.
Com o casal, foram apreendidos três carros importados, US$ 300 mil e um quadriciclo motorizado. Além disso, o patrimônio da empresa foi bloqueado, assim como as contas correntes da empresa e dos sócios e o dinheiro deve ser usado, posteriormente, para ressarcir vítimas. "Acreditamos que os valores bloqueados são insuficientes para garantir todos os pagamentos [às vítimas]", explica o delegado Carlos Couto. A prisão ocorreu no apartamento do casal, na Avenida Antônio Falcão, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife. Inicialmente eles foram levados para prestar depoimento na Delegacia do Ipsep e, no fim da tarde, Henrique foi levado para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, e Mirele, para a Colônia Penal Feminina, onde ficam à disposição da Justiça - o inquérito deve demorar dez dias para ser concluído.
"Eles criam uma desorganização dentro da economia. Aquelas pessoas buscam aquilo ali [a proposta da Priples] com o intuito de ganhar muito dinheiro, quando na verdade ele está lesando quem está na base da pirâmide. Algumas pessoas ganham, mas nem todas", explicou o delegado Guilherme Mesquita, da delegacia seccional de Boa Viagem, que participou daoperação. Se sentindo prejudicado, o vigilante Victor Emanuel foi à delegacia acompanhar o caso. Ele investiu R$ 500 e não espera receber de volta o dinheiro. "Eu já soube que quem entra com menos de R$ 1.000, e não convida ninguém, não recebe nada. É o meu caso. Eu já entrei consciente de que poderia perder e não quis convidar ninguém para não prejudicar meus amigos", afirmou, chateado.
Defesa
Segundo a polícia, a Priples, aberta no dia 1º de abril deste ano, estava atuando no mercado financeiro sem a autorização de órgãos como a Receita Federal e o Banco Central. "Antes ele tinha o registro como uma rede de locadoras. Fez uma alteração contratual desde o início de abril e foi mudando o segmento para atividades de venda de publicidade digital", afirmou Couto. A empresa vinha sendo investigada desde junho segundo os advogados de defesa do casal, Fernando Lacerda Filho e André Gouveia, que se disseram surpresos com a prisão. “A Priples é uma empresa de marketing multinível, não é pirâmide financeira. Henrique já tinha prestado depoimento na delegacia, tinha apresentado documentos comprovando as atividades e estava sendo solícito com a polícia”, afirmou Fernando. Segundo ele, Mirele Pacheco de Freitas era sócia da Priples, mas não tinha poder de decisão estratégica. Ela mantém uma união estável com Henrique Maciel. Na segunda-feira (5), a defesa do casal pretende ir conversar com a juíza para tentar revogar a decisão. Caso não consiga, vai recorrer ao Tribunal de Justiça para entrar com um pedido de habeas corpus.
Após ouvir os dois, a polícia realizou seis mandados de busca, prisão e apreensão. “Fizemos buscas na casa deles e na empresa, que tem uma sede operacional em Piedade [em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife] e outra sede em Boa Viagem [Zona Sul do Recife]”, contou Couto. “A juíza já determinou a suspensão do registro do domínio do site bem como a retirada do ar, sob pena de multa. Há mandados de quebra de sigilo bancário e de dados”, contou o delegado Couto.
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