NNex, suspeita de ser pirâmide, tem problemas de pagamento e acumula reclamações de centenas de investidores


Investigada pelo Ministério Público de Minas Gerais por suspeita de ser uma pirâmide financeira, a empresa NNex acumula reclamações de centenas de investidores por falta de pagamento, pagamentos mais de 50% abaixo do combinado e dificuldades de comunicação. 

As duas últimas semanas concentram mais da metade das queixas contra a empresa no conhecido site Reclame Aqui, 266 de um total de 445. A NNex confirma os problemas, mas atribui os atrasos a uma “migração bancária” e os pagamentos, na verdade, antes estariam “supervalorizados” porque são atrelados ao faturamento da empresa, que teria caído após a “crise no setor”.

A investigação sobre a empresa começou no Rio Grande do Norte, mas passou para o MP de Minas Gerais, que informou ao JC manter o caso sob sigilo.

Entre os insatisfeitos com a NNex no Reclame Aqui estão investidores do Recife, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes, Santa Cruz do Capibaribe e Petrolina. Pedindo anonimato, um investidor topou comentar o assunto. Ele teme ficar sem receber, caso fale abertamente do caso.

O investidor conta que o negócio tem um funcionamento da seguinte forma. A NNex cobra uma adesão de R$ 600 a R$ 2.890 e exige postagens diárias de anúncios em sites específicos. Os investidores são pagos por por e-Vouchers, algo como “vales” virtuais que, no início, eram trocados cada um por R$ 42.

“O problema é que eles começaram a atrasar. Passei 20 dias esperando o pagamento. Quando chegou, cada um dos cinco e-Vouchers que eu recebia não valia mais R$ 42 e sim R$ 15. Ou seja, eu ganhava R$ 200 por semana e agora vou receber R$ 15. Em quanto tempo vou recuperar os R$ 2.890 que investi? Ainda tenho R$ 1 mil para recuperar o dinheiro que coloquei”, comenta o investidor.

As queixas se multiplicam e são feitas diretamente na página da empresa em uma rede social. Os insatisfeitos acusam a empresa de ser uma pirâmide e cobram a devolução do dinheiro.

No último dia 8, já bombardeada por queixas, a empresa postou na rede social a seguinte mensagem: “seus clientes menos satisfeitos são sua maior fonte de aprendizado”. Um insatisfeito respondeu: “E que tal serem fiéis a seus divulgadores? NNex, a pior empresa que já vi na vida, além de não pagarem querem brincar com a cara de seus divulgadores”. Só ontem foram novas 22 queixas no Reclame Aqui.


A EMPRESA
A NNex minimiza os problemas. Diretor de comunicação da NNex, Harry Nicolau Johann diz que a empresa tem um índice de atendimento de 97% dos problemas, em um universo de 10 mil investidores. A empresa nega ser uma pirâmide financeira.

“A queda na remuneração do e-Voucher (leia matéria ao lado) tem relação direta com a baixa no faturamento da empresa. Eles são variáveis e relacionados ao lucro da NNex. Houve um período em que o e-Voucher estava supervalorizado, mas com a crise do setor o valor caiu”, diz Harry. Além disso, afirma, os atrasos de pagamentos teriam ocorrido por uma migração bancária, já encerrada.

No site da NNex, as informações sobre sua atividade são confusas, dificultando a compreensão sobre o que ela de fato faz: “Nossas atividades principais se concentram em duas vertentes, uma é a busca por parceiros que tenham produtos de interesse de nosso público-alvo. Estes parceiros são empresas que comercializam ou distribuem serviços e produtos, digitais e físicos. A outra é gerenciar e motivar um grupo de distribuidores, que são nossos afiliados, no consumo e revenda dos produtos e serviços comercializados pelos nossos parceiros.”

O diretor esclarece por telefone: “Vendemos serviços e produtos físicos, como perfumes. Nossa renda não é somente com a captação de mais pessoas para a rede.”

A empresa apresenta como parceiras comerciais duas marcas que são do mesmo grupo, o Portal Rekomende e a Permuta Digital. A NNex era sediada em Belo Horizonte, mas mudou o endereço para Barueri, com base administrativa em Sorocaba, São Paulo.

Embora a NNex em seu site se apresente como um negócio que já estaria no mercado há 2 anos, desde o início do mês divulga uma sequência de eventos em várias cidades do País, um “Grand Opening” (“grande inauguração”, em inglês). Seriam eventos para lançar novos produtos e serviços. Mas pelo menos um evento, o de Salvador, foi cancelado pela empresa, que no site se desculpa pelo episódio.

“Eu gostaria de aproveitar o contato da reportagem para informar que de 30 a 40 dias vamos lançar novos produtos”, avisa Harry.

Os afiliados, certamente, estão na expectativa.
Jornal do Commercio PE

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