UFRN realizou uma pesquisa que pode gerar novos inseticidas para o combate ao Aedes aegypti

 O laboratório de Entomologia Médica, área que estuda insetos transmissores de doenças aos humanos, do Departamento de Microbiologia do Centro de Biociências da UFRN, realizou uma pesquisa que pode gerar novos inseticidas para o combate ao Aedes aegypti: são as sementes de seis espécies de plantas da família Febaceae, uma das maiores da botânica. Os resultados são oriundos da dissertação de mestrado apresentada neste ano por Juliana Macêdo Chagas, do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da UFRN, com orientação da professora doutora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes.

A escolha de pesquisar o potencial inseticida de plantas se deu por essas serem uma alternativa menos tóxica aos produtos químicos comumente utilizados para a batalha contra o Aedes aegypti. As sementes analisadas são das espécies Clitoria fairchildiana (clitória); Adenthera pavonina (carolina); Prosopis juliflora (algaroba); Leucaena leucocephala (leucena); Delonix regia (flamboyant); e Canavalia ensiformis (feijão de porco), todas facilmente encontradas na região de Mata Atlântica do país.

Dessas, a que mais apresentou eficácia foi a Clitoria fairchildiana, conhecida popularmente como clitória. Nos testes feitos, a semente da clitória conseguiu eliminar o mosquito em todas as suas fases (ovo, larva, pupa e adulta) e apresentou características de repelente, afastando a fêmea dos líquidos que continham seu extrato.

A professora Maria Fátima Ximenes, orientadora do estudo, observa que todos os extratos das espécies analisadas apresentaram nível de toxicidade capaz de matar seres vivos sensíveis, como o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia, utilizado nos ensaios da pesquisa. Mas destaca a necessidade de que os estudos avancem para diagnosticar os componentes que combatem o Aedes aegypti e seu real impacto no meio ambiente. "A pesquisa identificou potenciais inseticidas, mas ainda estamos no nível das perspectivas", afirmou.

Segundo a professora, a busca por novos componentes que possam combater o Aedes aegypti é constante. Nos seus vinte anos de experiência em pesquisas na área de Entomologia Médica, Maria de Fátima Ximenes afirma que o mosquito sempre foi objeto de interesse e estudo por seus alunos, independente das épocas de epidemia das doenças transmitidas pela espécie, como dengue, zika e chikungunya.

Há dois anos, por exemplo, ela foi orientadora da tese de doutorado de Patrícia Batista Barra, que pesquisou tema muito semelhante: o potencial das sementes extraídas de plantas da caatinga no controle do Aedes Aegypti. O trabalho demonstra que o interesse em identificar plantas com propriedades inseticidas cresceu nos últimos anos, após serem observados os mecanismos químicos de defesas de algumas espécies contra insetos predadores.

A importância desses resultados reside na possibilidade de gerar uma pluralidade de composições inseticidas que sejam menos prejudiciais ao meio ambiente e evitem a resistência do mosquito aos produtos. Em Fevereiro deste ano a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), vinculada ao Ministério da Saúde, divulgou relatório onde aponta que quatro dos cinco inseticidas utilizados no Brasil não são mais eficazes no combate ao Aedes Aegypti.

De acordo com a professora Maria Fátima Ximenes, a área de Entomologia Médica é sempre procurada por quem está começando a graduação. Dali, muitos acabam ficando na área de iniciação científica, e o interesse de novos estudantes pelo tema também é uma aspecto  importante para a continuidade das pesquisas. “Só assim é possível saber se esses extratos analisados poderão vir auxiliar em novos produtos para a batalha contra o mosquito”, afirma a professora.

Aedes aegypti

Segundo a Fundação Fiocruz, o Aedes aegypti é um mosquito que reside em áreas urbanas, sendo sua infestação mais comum em áreas com grande densidade populacional. Sobretudo as regiões onde há alta desocupação propiciam um lugar ideal para as fêmeas se alimentarem e desovarem. A infestação do mosquito é sempre mais intensa no verão, em função da elevação da temperatura e da intensificação de chuvas – fatores que aumentam a reprodução do mosquito. Para tornar o combate mais eficiente, a Fiocruz diz que é preciso que as ações preventivas aconteçam durante todo o ano, com o objetivo de eliminação dos focos do vetor.



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