Baixa produtividade atrapalha pequenas nas exportações

ICÉM CARAÚBAS | GIDEL DE MORAIS | 09 DE NOVEMBRO DE 2017 - 11:17HS



A PARTICIPAÇÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS NÃO ULTRAPASSA 1%. ISSO SE DEVE À BAIXA PRODUTIVIDADE E NÍVEL DE INOVAÇÃO.



Natal – O número de empresas envolvidas no comércio internacional no Brasil permanece praticamente inalterado na última década. Embora a taxa cambial tenha apresentado uma curva de ascendente desde 2015, a quantidade de empresas exportadoras tem permanecido estável. Quando se trata de pequenos negócios, o cenário é ainda mais acentuado. As pequenas empresa representam apenas 1% nas exportações brasileiras.

“As pequenas empresas têm uma participação muito pífia nas exportações do país. Mas é uma questão óbvia. Se elas têm pouca tecnologia e são pouco produtivas, a participação delas nas exportações vão ser, por consequência, baixa”, defende o diretor geral da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), Ricardo Andres Markwald, que veio a Natal nesta quarta-feira (8) participar do Decola Nordeste. Promovido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte e Federação das Indústrias do Estado (Fiern), o fórum visa discutir sobre as ações de estímulo às exportações e captação de investimentos.

De acordo com Ricardo Andres, a baixa produtividade é um dos principais empecilhos para que as pequenas empresas brasileiras entrem no comércio internacional. “É diferente entre ser pequeno no Brasil e ser pequeno na Alemanha. Aqui, a diferença de produtividade entre a grande empresa e a pequena é bem maior. As empresas de baixo nível tecnológico são 20 vezes menores que as de alto nível. As MPEs têm um sério problema de produtividade e inovação em toda a América Latina”, assegura.

Ricardo Andres analisou a conjuntura das exportações no Nordeste. A quantidade de pequenos negócios nas exportações, inclusive, diminuiu, passando de 594 empresas em 2009 para 551 no ano passado. No Rio Grande do Norte, houve um aumento de 51 pequenas empresas para 61 no mesmo período. Juntos, os negócios de pequeno porte que enviam produtos ao mercado internacional atingiu um volume de US$ 76,6 milhões em 2016. No estado, esse volume foi de US$ 13,6 milhões. “É muito pouco empresa para muito esforço”, critica. Por outro lado, ele acredita também que não vale a pena incentivar empresas que não têm condições de entrar no comércio internacional. “Exportar é para poucos”.

Durante a palestra no Decola Nordeste, o diretor da Funcex, instituição que produz estudos e análises específicos sobre comércio exterior, criticou as políticasde estímulo à exportação no Brasil. “Se o número de empresas exportadoras não alterou desde 2009, isso demonstra que nossa política de promoção à exportação não está funcionando”.

Na avaliação do executivo da Funcex, a política de promoção à exportação deve priorizar o aumento do quantitativo de pequenos negócios nas exportações e ampliar a sobrevivência dessas empresas. “O grosso das exportações é feito por empresas contínuas, que exportam sempre”.

Outras recomendações são diversificar produtos e destinos, assim como ampliar o faturamento externo das pequenas empresas exportadoras. “O Brasil precisa avaliar sua política exportadora. E essa avaliação precisa ser independente e externa às instituições”. Na opinião de Ricardo Andres, o Sebrae é a instituição melhor preparada, devido à autonomia e capilaridade, para adequar pequenas empresas para o mercado internacional.



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