ICÉM CARAÚBAS | GIDEL DE MORAIS | 08 DE NOVEMBRO DE 2017 - 16:51HS

Apoiar soluções inovadoras de acesso à água potável que proporcionem a geração de renda no semiárido brasileiro. Foi com esse estímulo que a empresa SEA Júnior, do curso de Engenharia de Aquicultura, do Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), venceu em primeiro lugar o Desafio AMA, da fabricante de bebidas Ambev.
O projeto de Aquaponia, que proporciona o cultivo de peixes e hortaliças com economia de água, foi a proposta vencedora do concurso e começa a ser implementado no início de 2018, com aporte de R$ 30 mil para execução na comunidade rural de Jaguaruana, no estado do Ceará, onde existe captação de água pelo projeto AMA. A equipe deve visitar o local até o fim do semestre.
Rafhael Azevedo, assessor de projetos da empresa júnior, explica que a aquaponia é um sistema integrado a organismos aquáticos, neste caso de peixes, com o sistema de hortaliças. Tudo funciona num circuito. Um tanque de peixes interage com um tanque de hortaliças, a água que abastece os peixes é tratada por filtros e usada para o cultivo das plantas.
“Há o tanque dos peixes, eles excretam seus dejetos junto com a alimentação e oferecem nutrientes. A água desse tanque passa por um decantador e um biofiltro, onde existem bactérias que transformam a matéria orgânica [amônia], em nitrito, e posteriormente, em nitrato”, afirma Rafhael Azevedo. O nitrato é a fonte de nutriente preferida das plantas, já para os peixes é tóxica.
Segundo Alexandre Gomes, membro da equipe, quando se cultiva peixes, ou qualquer animal do meio aquático, os organismos jogam na água dejetos e restos de rações, deixando a água suja. Então como limpar a água sem precisar trocar ou reabastecer com mais água?
A água passa pelo decantador para retirar as partículas mais grossas, de lá segue para o biofiltro, que pega a amônia e transforma dejetos em nitrito e depois em nitrato. “ A água é tubulada para o tanque das hortaliças. As raízes das plantas entram em contato com a água e absorvem o nitrato. Quando as plantas absorvem o nitrato, a água já está nova para voltar para o tanque dos peixes”, explica o estudante Alexandre Gomes.
Cerca de 200 famílias serão beneficiadas. “O sistema permite vários tamanhos, desde aquários menores até instalações de grande porte, variando o volume de produção. As estimativas são de um retorno de cerca de R$ 4.500 reais por mês”, diz Eduarda Tayná de Almeida, presidente da SEA Jr. A capacidade inicial será de 250 kg de peixe e três mil mudas de hortaliças.
Pontos Positivos
Como o projeto será desenvolvido em região semiárida, a vantagem é que não é preciso colocar água nova no sistema, porque ela é reutilizada e tratada naturalmente. A água que deve ser inserida no sistema é apenas aquela perdida por evaporação.
Outra vantagem, é que se dispensa a utilização de agrotóxicos, comumente utilizado para as plantas crescerem, pois todo o nutriente está na água. “É um sistema de cultivo sustentável que garante a segurança alimentar, pela não utilização de agrotóxicos ou fertilizantes”, afirma Eduarda Almeida.
“A aquaponia vem se desenvolvendo para buscar novas soluções de produção usando o mínimo de água, e fazendo o reaproveitamento contínuo para que não impacte o meio ambiente e consiga gerar renda para a população”, completa Eduarda Almeida.
Empresa Júnior
A SEA Jr- Serviços em Engenharia Aquícola, foi criada em 2013, e está efetivamente no mercado desde 2014. Tem, atualmente, 21 membros na equipe e possui oito projetos em andamento. Todos na área da Engenharia de Aquicultura.
Além da Aquaponia, realiza outros serviços para seus clientes, como a depuração de moluscos através da limpeza de ostras; a montagem e manutenção de lagos ornamentais de aquários, além do treinamento e capacitação de mão de obra operacional para fazendas.
Premiação
A SEA Jr concorreu com 51 empresas brasileiras, sete do estado participaram. Das três escolhidas, a SEA Jr foi a vencedora à frente de Pernambuco e do Rio de Janeiro. A premiação aconteceu no Encontro Nacional de Empresários Juniores (ENEJ), que aconteceu em agosto, em Porto Seguro, na Bahia.
Por meio da Água Ama, marca da Ambev, a empresa reverte 100% dos lucros da venda para iniciativas de acesso à água potável. Os municípios de Jaguaruana, Capistrano e Aiuaba, no interior do Ceará são beneficiados do projeto.
Em 2016, a primeira edição do desafio que ainda levava o nome de “Ambev”, agraciou a empresa Ciclo Jr, da Universidade Federal do Ceará (UFC) premiando o projeto Oca Sustentável, uma estrutura de bambu que usava plantas e calor para purificar água de reuso.
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