ICÉM CARAÚBAS | GIDEL DE MORAIS | 8 DE MARÇO DE 2018 - 23:31HS
Cachaça de alambique potiguar tem selo internacional de produto orgânico |
Produtos que têm valor agregado, apelo gourmet ou que trazem uma forte identidade local. Isso é o que o Rio Grande do Norte vai apresentar a renomados chefs e profissionais do setor de gastronomia e holelaria, presentes no Salon international de la restauration, de l'hôtellerie et de l'alimentation (Sirha 2018). O evento será realizado na próxima semana, entre os dias 14 e 16, no São Paulo Expo. Entre as iguarias dos produtores potiguares, estão a cachaça artesanal orgânica do Seridó e o arroz vermelho orgânico do Vale do Apodi, que vão compor o Espaço Terroir, um espaço montado pelo Sebrae no salão para destacar artigos diferenciados de 65 produtores rurais de todo o país.
Conhecido pelas propriedades benéficas à saúde, o arroz vermelho é cultivado na região do Vale do Apodi, no Médio Oeste Potiguar. Além de outras vantagens, o grão tem uma substância, a monocolina, que ajuda a reduzir os índices do colesterol ruim no sangue, diminuindo as chances de doenças cardiovasculares. O arroz vermelho que será exposto no Sirha é produzido por 45 famílias de agricultores ligadas à Associação dos Produtores de Arroz do Vale do Apodi (Apava), que faz parte da Cooperativa Central da Agricultura Familiar do Rio Grande do Norte (Cooafarn). O grupo chega a produzir por safra até 40 toneladas de arroz vermelho, que se caracteriza como um produto de origem por ser apreciado na culinária regional.
Desde 2008, o Sebrae no Rio Grande do Norte vem orientando os produtores do cereal para ampliar mercado e escoar a produção do arroz vermelho do Vale do Apodi. Graças a uma parceria com a Embrapa Meio Norte (PI), chegou a testar duas variedades do grão na região, que é o importante polo de produção de arroz vermelho no estado, sobretudo o município de Felipe Guerra. Com a participação desse arroz no Sirha, a expectativa é conquistar os chefs, divulgar os benefícios nutricionais do grão no consumo regular e, assim, ampliar mercado para os agricultores familiares.
"A participação no Sirha será importante no aspecto de divulgação para um público especializado. Por ser um produto regional de origem, o arroz vermelho acaba não tendo tanta divulgação quanto o arroz parbolizado. Essa participação pode abrir um mercado novo que ainda não conhece a região do Vale do Apodi", explica a diretora financeira da Cooafarn, Fátima Torres.
Cachaça artesanal
Outro item orgânico potiguar que vai ao salão é a cachaça de alambique produzida na região do Seridó. A marca Samanaú, que desde 2010 já exporta a bebida para outros países, vai levar para o evento os rótulos do tipo prata, ouro e envelhecida.
Atendida pelo Sebrae, a cachaçaria, que já está há 14 anos no mercado, possui a certificação internacional de produto orgânico, atestando que, no processo de produção da bebida, é utilizada cana-de-açúcar cultivada sem defensivos químicos e com maior percentual de adubos naturais.
Em média, são produzidos cerca de 200 mil litros por ano, na propriedade de 12 hectares, localizada no município de Caicó, que fica a 256 quilômetros de Natal. Em função da forte estiagem, a produção da cana de açucar foi transferida para uma área de 8 hectares no município de Ceará-Mirim, na Grande Natal. O envelhecimento e o amaciamento da Cachaça Samanaú são feitos em barris de louro canela e carvalho, aprimorando a qualidade sensorial da bebida.
Para a administradora da Samanaú, Cynthia Regina Costa, a participação da marca no Sirha será estratégica para os planos da empresa. "Atualmente, fornecemos a cachaça para todo o Rio Grande do Norte. Conseguimos vender mais do que todas as outras marcas juntas e gostaríamos de chegar a outros estados, mas, infelizmente, as tarifas tributárias inviabilizam essa operação. Então, a saída é o mercado internacional".
Segundo Cynthia Costa, o salão será um diferencial para divulgação da marca, que coleciona prêmios. em 2012, a Samanaú Prata foi premiada como a segunda melhor cachaça do mundo pelo New York International Spirits Competition (NYISC), a maior competição de destilados do mundo. No ano passado, a Samanaú também foi considerada a terceira melhor cachaça das 6.500 marcas existentes no Brasil na avaliação da revista Playboy.
O Sirha deve atrair cerca de 15 mil pessoas durante os três dias, além de 250 expositores e marcas brasileiras e internacionais. Além do Espaço Terroir, o Sebrae terá ainda um Lounge do Conhecimento, com palestras, aulas-show, harmonizações entre os produtos presentes na feira, além de painéis com debates sobre produtos artesanais, origem e certificações diversas, dentre outros temas. Outro destaque na programação será a rodada de negócios, que acontecerá nas manhãs dos dias 15 e 16, com objetivo de aproximar os empresários dos produtores rurais que estarão presentes ao evento, e os possíveis compradores.
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