Os militares israelenses pediram nesta terça-feira (1) que moradores de mais de duas dúzias de vilas no sul do Líbano deixem suas casas a aproximadamente 48 quilômetros da fronteira com Israel.
“Vocês devem se mudar imediatamente para o norte do Rio Al-Awali. Salvem suas vidas e saiam de suas casas imediatamente”, disse o porta-voz árabe das Forças de Defesa de Israel (IDF), Avichay Adraee, no X.
Os avisos vêm enquanto Israel lança o que diz ser “uma operação terrestre limitada” e “ataques localizados” no sul do Líbano visando o Hezbollah. As forças israelenses ainda não lançaram uma invasão em grande escala no sul do Líbano, três fontes disseram à CNN anteriormente.
“Qualquer pessoa próxima a membros do Hezbollah, suas instalações ou seus equipamentos de combate está colocando sua vida em risco. Qualquer casa usada pelo Hezbollah para fins militares deve ser alvo”, disse Adraee.
Em uma postagem anterior, o porta-voz militar israelense pediu aos moradores que não viajassem “usando veículos” ao norte do Rio Litani em direção ao sul do Líbano.
Oficiais israelenses caracterizaram a incursão no sul do Líbano como limitada em escopo, dizendo que não haverá “ocupação de longo prazo”.
Até fontes no Líbano disseram que Israel ainda não lançou uma invasão em grande escala, com outra fonte nas Forças Interinas da ONU no Líbano (UNIFIL) dizendo que os militares realizaram alguns “ataques esporádicos” através da fronteira.
Mas autoridades israelenses se recusaram a dizer quão profundamente as tropas se aventurariam no país ou quanto tempo a operação deve durar.
Operações militares anteriores inicialmente declaradas por Israel como limitadas em seus objetivos provaram ser tudo menos isso. Exemplos incluem a ocupação de anos de Israel no sul do Líbano que começou em 1982 com o objetivo declarado de uma missão breve e limitada para destruir a Organização de Libertação da Palestina.
Mais recentemente, o exército israelense declarou uma operação “limitada” em Rafah, no sul de Gaza, que deixou a cidade em ruínas.
Por que Israel está atacando o Líbano?
Israel intensificou os ataques a vários alvos no Líbano desde quinta-feira (19) em uma série de ataques que deixaram centenas de civis mortos e feridos, e deslocaram pelo menos 1 milhão de pessoas em todo o país.
O objetivo de guerra declarado de Israel é “garantir o retorno seguro das comunidades do norte de Israel para suas casas”, disse o Ministro da Defesa Yoav Gallant na quinta-feira (26), e seu exército também disse que está atacando alvos do Hezbollah, particularmente no sul do Líbano e Beirute.
Ataques do Líbano ferem dois no centro de Israel
Duas pessoas sofreram ferimentos moderados a leves quando seus veículos foram atingidos na Rodovia 6, ao norte de Kfar Qassim, no centro de Israel, após ataques lançados do Líbano, disseram os militares israelenses.
Um motorista de ônibus de 54 anos sofreu ferimentos moderados na cabeça e nas costas por estilhaços quando seu ônibus transportando 10 passageiros foi atingido. E um homem de 31 anos está sendo tratado por ferimentos leves depois de o carro em que estava ser atingido pelo ataque.
Um oficial de segurança israelense disse aos repórteres que sirenes foram ativadas no centro de Israel.
“Vários projéteis, estes são do Líbano, foram disparados em direção a Israel, enviando milhões de pessoas para abrigos antibombas há apenas alguns minutos. Posso dizer que vários foguetes em direção ao centro de Israel, vários locais”, acrescentou.
A polícia israelense emitiu um aviso para os motoristas evitarem a Rodovia 6, que foi fechada “devido a danos causados pelos ataques”.
Policiais e unidades de desarmamento de bombas “estão agora trabalhando para isolar cenas de queda nos setores da estação e estão procurando restos mortais e outros itens para remover outro risco ao público”, de acordo com o serviço de primeira resposta de Israel.
Entenda o conflito
A incursão terrestre das Forças de Defesa de Israel no Líbano é apenas o mais recente episódio de uma guerra que, em sua última etapa, chega a um ano na semana que vem.
As tensões começaram a subir após o ataque do Hamas sediado na Faixa de Gaza, ao sul de Israel, que deixou 1200 mortos e fez mais de duas centenas de reféns — parte deles, inclusive, continua no enclave palestino.
No dia seguinte, os militantes do Hezbollah, do Líbano, começaram a disparar foguetes no outro extremo de Israel, ao norte, declarando “solidariedade” à causa palestina.
Israel respondeu aos disparos na fronteira norte com ataques limitados. Ainda assim, o contexto da violência constante obrigou o deslocamento forçado de centenas de milhares de pessoas dos dois lados da fronteira, tanto no sul do Líbano quanto no norte de Israel.
Enquanto em Gaza as Forças de Defesa de Israel realizavam uma operação terrestre que deixou mais de 40 mil mortos, na fronteira norte o conflito ficou em banho-maria até setembro.
Até então, o principal episódio dessa frente havia sido a morte de um comandante do Hezbollah em um ataque no subúrbio de Beirute, em julho.
Em setembro, entretanto, Israel conseguiu explodir milhares de equipamentos de comunicação do Hezbollah, causando a morte de dezenas de integrantes do grupo e ferindo milhares, incluindo civis.
O Mossad, serviço de inteligência de Israel, foi responsável pela operação
A partir daí, o país deu início a uma série de ataques que levaram à morte de praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah, afirmam as Forças de Defesa de Israel.
O principal alvo morreu na sexta-feira (27). Hassan Nasrallah foi atingido num bombardeio israelense ao quartel-general do Hezbollah, em Beirute. O secretário-geral estava no comando do grupo há cerca de 30 anos.
Apesar de apelos de seus principais aliados para evitar uma guerra regional generalizada, o governo de Benjamin Netanyahu decidiu dobrar a aposta e, no último fim de semana, realizou uma série de ataques no Líbano, transferindo o centro de gravidade do conflito da Faixa de Gaza para a fronteira norte de Israel.
A escalada atingiu seu ápice na segunda-feira (30), quando os militares israelenses decidiram fazer uma operação terrestre no sul do Líbano, invadindo o país árabe pela quarta vez em pouco mais de quarenta anos.
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